O grão de trigo – uma crônica de despedida
Imagino que o vento ao qual Caetano se referia, que sopra a areia do Saara sobre os automóveis de Roma, estivesse vagando pela Praça de São Pedro quando o melancólico e triste badalar do sino anunciou o fim da jornada do Sumo Pontífice. Francisco, um bonaerense nascido Jorge Bergoglio, levou ao Vaticano a calorosa receptividade latina, trocando o frio beijo no anel papal pelo fraterno abraço; mostrou ao mundo que o evangelho de Cristo, mais do que lido nos suntuosos salões romanos, pode – e deve – ser vivido todos os dias, em todos os cantos do mundo e não teve medo de erguer a voz pelos oprimidos, como se lê em Isaías 1:17 “Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão, tratai da causa da viúva”. O barco de São Pedro, agora sem timoneiro, jogou âncora e estacionou, à espera daquele que vai ocupar o trono papal. A expectativa sobre o novo pontífice é imensa. Será que ele colherá a herança bend...